Ação arbitrária da Prefeitura de Niterói leva estudantes da UFF para delegacia

Fonte: Agência Petroleira de Notícias Fotos: Rafael Duarte (Agência Petroleira de Notícias)

Niterói – RJ – A agitada Praça Leoni Ramos, em São Domingos, foi palco de grande tensionamento entre universitários e policiais na noite dessa quinta, 17 de setembro. O motivo da confusão foi a ação autoritária da Prefeitura de Niterói de apreender mesas e cadeiras de bares, além do material de trabalhadores ambulantes. Mais de 100 estudantes da Universidade Federal Fluminense se postaram, de forma pacífica, em frente ao caminhão da prefeitura em solidariedade aos trabalhadores da tradicional praça universitária. A resposta dos mais de 25 homens da Guarda Municipal e da Polícia Militar veio com gás de pimenta e cacetetes. Um jovem foi levado à delegacia por suposto desacato à autoridade.

– O secretário chegou e perguntou quem era o líder daquela manifestação. Os estudantes disseram que não havia um líder. Ele então disse que usaria de todos os meios necessários para o caminhão com o material apreendido sair dali. Continuamos ali em frente ao veículo pacificamente, de repente vem cacetetes e spray de pimenta – relata Marco Antônio Costa, graduando de Ciências Sociais da UFF e coordenador do Diretório Central dos Estudantes da UFF. O universitário, único levado à 76ª DP por força policial, ainda foi fazer corpo de delito no Posto de Polícia Técnica de Tribobó, em São Gonçalo, na própria quinta.

O advogado Jorge Bulcao, encaminhado pelo Sindicato dos Trabalhadores da UFF para acompanhar o caso em apoio ao jovem, explicou que Marco Antônio foi fichado, terá que responder processo, mas isso não trará nenhum grande problema futuro.

Autoritarismo marca ação da Guarda Municipal de Niterói

A “Operação Cantareira”, nos mesmos moldes do Choque de Ordem do Eduardo Paes na cidade do Rio de Janeiro, começou por volta das 20h. Oficiais da Guarda Municipal, com apoio da PM chegaram na praça para levar os materiais dos ambulantes e comerciantes colocados, segundo as autoridades, em locais irregulares e sem autorização. A Secretaria Municipal de Controle Urbano dirigiu a ação. Segundo o secretário da pasta, Gilberto de Freitas, a operação aconteceu sob a justificativa de ordenar o espaço público, a partir da existência de um abaixo assinado por parte dos moradores da região, onde queixam de desordem e tumulto. Os trailers de alimentos também foram notificados, e de agora em diante não será permitido o funcionamento. Freitas ainda explicou que em caso de reincidência, a estrutura será apreendida e levada para o depósito. Quem quiser reaver seu material, terá de comparecer até a Rua São João e pagar uma taxa e multa.

Mais de 20 pessoas vão para delegacia

A acusação de desacato à autoridade que justificou o fato da polícia levar o universitário Marco Antônio para a delegacia, acarretou na ida de cerca de 20 estudantes a DP para apoiar o companheiro.

– Os estudantes não fizeram nada de mais, estavam apenas prestando apoio aos trabalhadores da Praça de São Domingos. A polícia usou de força desnecessária – comentou o sociólogo Flávio Serafini, assessor do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Além de Serafini, também estiveram presentes o vereador Renatinho (PSOL-Niterói), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Niterói, o advogado do mandato do Freixo, Thiago Melo, e o ex-vereador Paulo Eduardo Gomes.

A revolta dos estudantes com a postura truculenta da polícia era imensa. Muitos foram à delegacia registrar ocorrência contra os policiais.

– Foi uma operação arbitrária, violenta. Só estávamos pedindo para eles devolverem os materiais dos trabalhadores. Mas no meio da confusão, não deu nem tempo de ver direito e já disparam uma rajada de spray bem no meu rosto. Senti muita dor. Parece que ficamos cegos. Dá vontade de vomitar – relata a estudante de psicologia da UFF Polyana Esteves. “Acertaram com o cacetete em alguns estudantes. Foi um choque de ordem e de truculência em Niterói”, complementa Luiza Medina, colega de curso de Polyana.

Até às 23h, momento em que a equipe da Agência Petroleira de Notícias (APN) se retirou da delegacia, os estudantes ainda estavam lá registrando ocorrência.

Os representantes da 76ª DP não quiseram falar sobre a ação policial desenvolvida naquela noite, alegando que a responsabilidade da operação era da Guarda Municipal. Ainda tentaram impedir o registro fotográfico da equipe da APN dentro da delegacia.